A história da lingerie começa por volta do segundo milênio antes de Cristo. As mulheres usavam um corpete simples que sustentava a base do busto, projetando os seios nus. Essa “moda” era inspirada em uma deusa, ideal feminino da época. Na Idade Média, as lingeries começaram a ser usadas para disfarçar as formas femininas, “afastando” as mulheres dos pecados da carne. Nessa época surgiam os primeiros espartilhos, que tinham esse nome por serem feitos de esparto, material usado para fabricar armaduras de guerra. O artifício extremamente desconfortável podia quase ser considerado um objeto de tortura devido às dores e esforços.
No século XV, os espartilhos ficaram ainda mais apertados. É nessa época que encontramos o corps piqué, que deixava as mulheres com uma cintura minúscula e seios em forma de cone. As hastes de sustentação em algumas peças chegavam a pesar até um quilo. Os corpetes começaram a chamar atenção de médicos e pessoas mais esclarecidas, que concluíram que o acessório comprimia os órgãos, causando entrelaçamento de costelas e até a morte.
Em 1832, o suíço Jean Werly abriu primeira fábrica de espartilhos sem costuras. E em 1840, foi lançado um modelo com um sistema de cordões elásticos. Isso permitia que as mulheres pudessem, elas mesmas, vestir e tirar as peças sozinhas. Além do corselete, as roupas íntimas eram compostas por calças que chegavam até os joelhos, cheias de babadinhos. Em 1900, o espartilho começou a se tornar ainda mais flexível. Surgiram designs que formavam uma silhueta mais natural.
Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, a mulher teve de trabalhar nas fábricas. Isso fez com ela precisasse de calcinhas e sutiãs que lhe permitissem movimentação. Por isso, o espartilho foi substituído pela cinta. Nos anos 20, as roupas íntimas eram formadas por um conjunto de cintas, saiotes, calcinhas, combinações e espartilhos mais flexíveis. E passaram a ter outras cores além do tradicional branco. Nessa época, as liberadas jovens usavam vestidos mais curtos, com decotes nas costas e braços. Elas não queriam exibir seios opulentos, então usavam sutiãs especiais que achatavam o busto.
Em 1930, com a descoberta do náilon, as lingeries tornaram-se mais coloridas e populares. Já no final dos anos 40 e início de 50, para acompanhar a nova silhueta, a roupa precisava deixar o busto bem delineado e a cintura marcadíssima. Surgiram os sutiãs que deixavam os seios empinados e as cintas que escondiam a barriga e modelavam a cinturinha. Nessa época foram cultuadas as famosas “pin-ups”.
No início dos anos 60, a produção passou a ser mais diversa, com vários tipos de modelagens, embora, na maioria, ainda fossem mantidos os sutiãs estruturados. No final dos anos 70 e início dos 80, a inspiração romântica tomou conta da moda. Cintas-liga, meias 7/8 e corseletes, sem a antiga modelagem claustrofóbica, voltaram à moda. Rendas, laços e tecidos delicados enfeitavam calcinhas e sutiãs.
Dos anos 90 até os dias de hoje, a lingerie, assim como a moda, não segue um único estilo. Modelagens retrô convivem com as calcinhas estilo cueca. Os sutiãs desestruturados dividem as mesmas prateleiras com os modelos de bojo. Tecidos naturais, como o algodão, são vendidos nas mesmas lojas de departamento que os modelos com tecidos tecnológicos.